Show must go on… Quando somos responsáveis pelo nosso negócio, há momentos em que a vida nos obriga a abrandar ou a parar: quando engravidamos, perdemos alguém importante, quando temos de tomar conta de alguém que está a passar por problemas ou nós próprios ficamos doentes. Como reagir? Como não se deixar ir abaixo quando tudo à volta é difícil? Tudo é uma questão de resistência e de compromisso connosco próprios. E aceitar que estamos a fazer o melhor que podemos.
Não é dos assuntos mais falados, mas acredito que seja muito frequente nos negócios as adversidades nos desviarem do plano traçados na profissão ou na gestão da empresa.
Como produzir conteúdo quando não estamos bem? Muitas vezes, dando o tempo necessário.
Temos de ser como o GPS: saber onde queremos chegar para que ele possa recalcular a nossa rota após o desvio. Chama-se a isso visão.
Experiência, tenho alguma.
A minha mãe faleceu de cancro quando eu tinha 27 anos e estava a viver em Lisboa. Tentei fazer o melhor que pude com os meus irmãos que ainda estavam a estudar. Prometi à minha mãe que tomava conta deles. Esta não se revelou uma tarefa fácil, pela distância, e eu nem de mim sabia tratar, quanto mais tratar dos outros… Foi neste contexto que me inscrevi na segunda licenciatura.
O Jornalismo não «estava a dar» e eu sentia que tinha muito mais para aprender. A minha tática para lidar com o luto sempre foi encher-me de estudo e de trabalho para não pensar na minha vida. O trabalho foi o remédio que eu encontrei.
Amigos e empreendedores: isto dá asneira, mais cedo ou mais tarde. O estudo não foi o problema, porque estudar faz parte de mim e se não estou a estudar é como se faltasse algo… o que fiz de mal foi perder a sintonia comigo própria. Corria porque sim. Não sabia o que queria para mim. Foi aí que passei do pensamento tático ao pensamento estratégico, no emprego e na vida.
A partir dos 30 anos a vida deu uma volta e deixei Lisboa para viver «na província», construir a minha família e ter o meu próprio negócio. Durante a gravidez e durante o primeiro ano de vida da minha filha, o negócio ressentiu-se. Primeiro, foram as dificuldades nas deslocações. Em Portugal, os donos das empresas ainda estão muito habituados à presença física das pessoas. Gravidez não é doença mas também não abusemos. A partir do 5 mês, já se tornava difícil deslocar-me e apanhei o pleno Verão de barrigão e tornozelos inchados, o que não é bom para o negócio.
Como empreendedores, não podemos parar. Na primeira semana depois de ter a minha filha, já estava a resolver assuntos de trabalho, mesmo tendo uma pessoa a trabalhar em full-time a ajudar-me. A percepção do trabalho realizado, como estava supostamente em casa a tratar da criança, foi afetada apesar de ter continuado a apresentar serviço. Perdi um contrato importante com isso. Paciência.
Em Janeiro de 2017 perdi o meu pai. Desta vez, por ser a filha mais velha tive de tratar da papelada e andar para a frente com a empresa. «Em frente, que atrás vem gente». Agarrei-me à família. Eles foram a minha âncora. Continuei a trabalhar e a entregar-me aos projetos, mas notei um efeito colateral: a escrita ficou-me embargada.
Deixei de conseguir escrever por achar tudo fútil e essa foi a razão pela qual o blog ficou para aqui, a ganhar teias de aranha.
Por mais que eu soubesse que em termos de Estratégia de Conteúdos eu estava a falhar, não saía nada. Este é um blog em nome pessoal. No blog da empresa deleguei a outros essa tarefa.
Como lidar com as adversidades?
As relações de qualidade são a nossa base quando a vida nos prega partidas.
Temos de pensar que a probabilidade de isto acontecer é muito grande. Para termos relacionamentos de qualidade (e não sermos meras máquinas de fazer dinheiro) temos de dedicar tempo às pessoas que amamos. Além disso, temos de escolher bem as pessoas quem trazemos para a nossa vida: como vão reagir elas quando estivermos na mó de baixo? Vão ser companheiros? Repartir tarefas e responsabilidades?
Dedicar tempo ao que interessa
Tudo o que é importante na vida precisa do nosso tempo e da nossa atenção. Uma dica: os reality shows não são importantes nem os mexericos das supostas celebridades. Primeiro as pessoas e só depois as «atividades». Nunca temos tempo para fazer tudo o que queremos, por isso temos de ser seletivos. Se desafiamos as leis da vida e subtraímos horas de sono, essa fatura pode ser paga no futuro com juros. Somos apenas humanos, não somos máquinas.
Paixão por aquilo que fazemos
Não esperem com isto que eu diga que me contento com uma vida menos desafiante ao nível intelectual. Nada disso. Quero que a minha empresa esteja no topo das tendências e quero que cresça. O trabalho não me define, mas tenho a sorte de adorar o que faço. Isso alimenta o meu compromisso com a excelência (isto não é conversa da treta, eu tento sempre fazer o melhor possível, sempre fui competitiva comigo própria).
Ter sede por aprender
Outra coisa que faço muito é ler. Não leio obras literárias há muitos anos, desde que deixei a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Devoro livros técnicos e de desenvolvimento pessoal e cada vez leio mais em inglês. Nos momentos difíceis da vida sempre fui acompanhada por muitos livros.
Aprender a delegar
Achamos sempre que somos insubstituíveis, não é? As adversidades são ótimas alturas que nos obrigam a olhar à volta e procurar quem nos possa ajudar com certas tarefas porque nós simplesmente não estamos com cabeça. Encontrar uma pessoa competente a quem possamos delegar vale ouro. Os empreendedores têm um bocado a mania que só eles sabem fazer as coisas «daquela» maneira… e se houver outras formas melhores de fazer as coisas?
Alimentar o sentido de humor
A vida é curta para sermos pessimistas. É um veneno para a alma. Quem sou eu para dar conselhos? Alguém que já passou por algumas situações na vida e que sempre brincou com as palavras para aligeirar o peso.
Este texto saiu muito pessoal. Em Estratégia de Conteúdos, sermos genuínos é a melhor forma de produzir conteúdos originais, porque a nossa experiência de vida é aquilo que nos torna únicos.
Fala-se muito na separação entre o trabalho e a vida pessoal. Contudo, eles misturam-se teimosamente. Assim é a vida. Não interessa as vezes que caímos, importa a forma como nos levantamos.
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