Antes dizia que era perfeccionista como se isso fosse parte da minha essência. No fundo, gosto de fazer as coisas bem feitas e se é para fazer, quero fazer bem. Ao andar constantemente «ocupada» tenho adiado alguns projetos que considero importantes. O perfeccionismo atrapalha muitas pessoas cheias de boas ideias.
Deixa-me dizer-te: «A perfeição não existe»
Tenho o hábito de rever mil vezes um texto até o libertar para o mundo. Muitos deles estão ainda a marinar no computador. Isto não vem de agora. Era sempre a última a entregar os testes, a limar as arestas até ao fim. No secundário estudava sempre para os 20 valores e terminei o liceu com média de 18. Ou fazia de forma exemplar ou não fazia… Tenho alguma dificuldade em receber orientações do género: mas não precisas de fazer isso com tanto detalhe, tão aprofundado… faz-me tremer a vista esquerda ;-). Eu não dou uma vista de olhos. Eu entro na tarefa a fundo e não sei fazer duas coisas ao mesmo tempo.
Na criação de conteúdo e nos negócios, é bom partir de uma base como um Produto Mínimo Viável (Minimum Viable Product). Qual o objetivo, a quem se dirige, como nos diferenciamos da concorrência.
Na prática, diz-me se também te acontece:
Procrastinar o início de algo. Consomes todos os cursos e mais alguns e adias o arranque.
Começa agora. Qual o passo mais pequeno que podes hoje dar rumo ao teu objetivo? Este passo que vais dar aproxima-te ou afasta-te do que queres para a tua vida? Identifica o teu elefante na sala. Aquele projeto que queres muito e não tens «coragem» para lhe dar vida. Põe as mãos na massa… ou no teclado.
Começas e não acabas as coisas?
Pode ser por insegurança, incerteza ou por puro tédio. Há aqui duas situações: há aqueles casos em que deixou de fazer sentido para ti e desistir pode ser a opção mais saudável. Depois há aqueles casos em que avanças e perdes o gás a meio ou interrompes por circunstâncias da vida. Aqui a chave é perceber o que significa para ti concluíres o projeto. Esquece os outros por uns momentos. Descobre o teu porquê, porque é que este projeto é importante para ti, quem beneficia com ele, e usa esse motivo como impulso para avançar. Faz o que precisa de ser feito, principalmente as coisas chatas.
Parece que nunca fazemos o suficiente. Eu sei de onde é que isto vem. Ao tornarmo-nos perfeccionistas, ao longo do caminho, como abandonamos esse hábito? Feito é melhor que perfeito. A questão é saber quando parar e ter um pouco mais de compaixão por nós. Tu não és o teu trabalho.
Pára de te focar na comparação com as pessoas que vês à tua volta. Nem tudo é o que parece. Faz o melhor que podes com os recursos que tens. Ouve a resposta da Brené Brown sobre a comparação. Em relação ao perfeccionismo, o que estás a querer evitar?
Em suma, a perspetiva de que o perfeccionismo e a procrastinação estão ligados e que estão suportados por hábitos e não são características imutáveis mudou tudo para mim.
Pensa assim: Eu não sou isto ou aquilo, eu vou fazendo coisas. Exemplo: «eu não tenho jeito para escrever» ou «sou pouco criativo/a».
Posso estar a atuar de determinada forma neste momento, a aprimorar mais numas tarefas do que noutras, e posso escolher dar nano-passos num projeto que estou a adiar.
Eu tenho o poder da escolha. Eu escolho escrever uma linha. Amanhã posso chegar às 500 palavras. Eu escolho criar o hábito escrever. A prática permite-me melhorar a qualidade, ao experimentar algo novo todos os dias. Os meus rascunhos de hoje são os passos necessários para criar algo excelente amanhã. Podemos saltar uns degraus, mas não a escada toda.
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