
Tem muito que se lhe diga, a vida de empreendedor. A realidade portuguesa é muito diferente da norte-americana, especialmente se anda a ver muitos episódios do Shark Tank (como eu). Deixo-vos 7 ideias-chave que resumi na minha experiência desde que me tornei empresária, em 2013. Tive oportunidade de ir trabalhar para Espanha e escolhi ficar em Portugal.
Em Portugal temos um excelente clima e qualidade de vida. O contexto não é dos mais favoráveis para quem quer empreender. Agora temos de cultivar algumas características pessoais para levar a bom porto o nosso negócio, como a criatividade, a autodisciplina, confiança, resiliência e assertividade.
Tudo isto em nome da liberdade: financeira, geográfica e de tempo.
Muito se fala em empreendedorismo.
Há debates, concursos de ideias, incubadoras de empresas… Quem quer abrir um negócio tem atualmente muita informação disponível. Até que ponto está preparado para o que aí vem? O dia-a-dia de uma empresa reserva-nos muitos desafios, da burocracia aos impostos, entre outras coisas.
Conheça-se bem… e estude o seu cliente
O empreendedorismo é um estilo de vida, mais do que ter um negócio.
Uma das formas de começar é dar uma solução inovadora a um desafio sentido por muitas pessoas, ajudando-as a resolver um problema. Comece a colocar as ideias no papel, até criar o seu Plano de Negócios.
Além da vertente financeira, temos de nos lembrar constantemente do nosso «porquê», o que deu origem ao desejo de empreender e avançar. Essas ideias poderão estar refletidas na sua Missão, Valores e Visão.
Identifique quais os temas que interessam e são relevantes para o seu cliente e sobre os quais consegue falar durante horas… A paixão é aquele ingrediente especial que faz a diferença.
O modelo de negócios leva algum tempo a desenhar, pelo que pode começar a desenhar no papel a pensar o que quer vender, a quem e qual a sua proposta de valor. Há ferramentas muito boas para esse efeito, como o Business Model Canva, que poderá editar com ferramentas colaborativas, como o Miro ou o Canva.
Prepare-se para vender
Começar um negócio implica ter um produto ou serviço para oferecer ao mercado e ter uma estratégia de vendas adequada ao seu negócio: o que vai vender, como e a quem.
O empreendedor tem de pensar em novas formas de agregar valor. Caso seja um bom vendedor, já possui uma excelente característica para empreender.
Há pessoas que nascem para as vendas, com um talento natural de comunicação, negociação e orientação para resultados. Outros têm de trabalhar um pouco mais o mindset e preparar-se melhor.
Numa fase inicial, o empresário é o vendedor nº1 da empresa, mas com o tempo vai criando a sua equipa.
Estruture o seu processo de vendas e vá aprendendo e otimizando. Existem várias metodologias de vendas por onde escolher, desde SPIN, inbound sales, inside sales.
Pratique a aprendizagem ao longo da vida nas vendas porque os consumidores e clientes estão sempre a mudar e a fórmula que funciona hoje não funcionará amanhã.
Atraia bons clientes
Pense estrategicamente. Quem é o seu cliente ideal? Quem é a persona do seu negócio (buyer persona) e crie os seus conteúdos em função das suas necessidades e dores e procure atrair pessoas que partilham da mesma visão e dos mesmos valores defendidos pela sua empresa.
Clientes é aquilo de que o negócio mais precisa.
Quando se começa é difícil ter o discernimento para pensar se vamos aceitar ou recusar trabalhar num projeto, mas com o tempo vamos percebendo onde é que as nossas capacidades vão gerar mais retorno e vamos criando o nosso portefólio de serviços/produtos.
Rodeie-se de bons profissionais
Todos precisamos de ajuda e a necessidade obriga-nos a fazer muitas coisas diferentes e em simultâneo. Contudo, não há nada melhor do que poder delegar aquelas tarefas nas quais não temos formação nem somos bons.
Estou a falar de advogados, contabilistas, consultores de Marketing, designers, informáticos, programadores, etc. Procure profissionais qualificados e que também tenham padrões de ética elevados. O melhor é mesmo trabalhar com bons profissionais que sejam boas pessoas. A vida é demasiado curta para trabalhar com pessoas tóxicas.
Conheça os seus números
Um estilo de vida de empreendedor tem pouco de glamoroso no início.
Saiba muito bem os seus custos e as suas obrigações às Finanças e à Segurança Social.
Além do acompanhamento do contabilista, é importante que nunca perca a noção do pulsar da empresa, do retorno do negócio e quais os seus números: metas, vendas, custos, leads, transações, investimento, ROI.
O ideal é recorrer a softwares de gestão, folhas de cálculo e criar alguns dashboards para melhorar a visibilidade da informação. Digo muitas vezes que o excel é um amigo de longa data que nunca me deixou mal.
Quantas vezes ouço falar de pessoas que não têm a mínima ideia de como está o seu negócio… E garanto-vos, vai ser muito desafiante o equilíbrio entre fazer os investimentos necessários para fazer avançar o negócio e saber exatamente onde cortar na despesa.
Cuide da sua presença digital
Com a Internet podemos abrir e gerir uma empresa em qualquer lugar. Em teoria é tudo muito bonito, porque a presença digital de um negócio demora tempo a construir e deve começar pela estratégia. Claro que ao início ainda estamos a aprender sobre muitas coisas e temos muito onde investir. Pense que está a criar de um jardim. Primeiro semeia-se, e aos poucos a coisa vai tomando forma, florescendo. Se for uma jardineira impaciente como eu, vai querer ver algum rebentinho verde a aparecer bem rápido.
Automatize aquilo que for possível
Avalie as suas tarefas do dia-a-dia e veja o que lhe ocupa mais tempo. Pode automatizar algumas funções?
Em algum ponto do negócio vai ter de aprender a delegar com eficiência ou a criar por workflows que façam sentido para o seu negócio.
O Marketing é uma das áreas que muito tem avançado na automação mas não se iluda. Sem uma estratégia sólida e uma cultura de empresa bem delineada, os automatismos podem jogar contra nós, retirando a autenticidade e a conexão com o cliente. É preciso saber fazer.
Se possível, trabalhe num espaço inspirador
Nem sempre é possível arrancar num escritório com as condições ideais.
Muitos negócios começam em casa, na mesa da cozinha ou num home office.
Mais cedo ou mais tarde vai levantar-se a questão de impôr limites entre o espaço pessoal e profissional. Na minha opinião, o ideal seria ter um espaço diferenciado na casa (com porta) e/ou trabalhar perto de casa, sem serem necessárias deslocações demoradas.
O seu local de trabalho deve ser inspirador e flexível, porque é lá que provavelmente vai passar muito tempo a criar novas formas de fazer a empresa crescer.
Com o evoluir do negócio, esse espaço deverá acolher a sua equipa, dotando-a das condições necessárias para tornar o trabalho mais produtivo e criativo.
É preciso ter estofo e criatividade para ultrapassar os desafios. As vantagens, contudo, são muito compensadoras.
2 Comments
Se dá! Estou a começar agora (bom, há já mais de seis meses…) e não é fácil. Mas é o melhor caminho profissional que podia ter escolhido. Ter mil e uma ideias, poder criar coisas de raíz e ver projetos a dar o primeiro passo…é de uma satisfação enorme!
Continuação de um excelente trabalho!
Krystel – http://www.krysteleal.com
Obrigada, Krystel! É mesmo isso, a satisfação de ver os projetos nascer é única! Confesso, fui pesquisar o seu site. Pelo que vejo, também anda nesta coisa do nomadismo digital… Interessante!