Com as mais recentes inovações nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) emergem novos perfis de colaboradores nas empresas. À entrada no mercado de trabalho da Geração Y juntam-se os trabalhadores móveis ou remotos, os intrapreneurs, os analistas de dados e os colaboradores mais experientes, que podem enfrentar algumas dificuldades na adaptação às novas tecnologias.Num artigo do site workintelligent.ly estão expostos alguns pensamentos generalistas sobre a evolução das competências dos recursos humanos com as adoção das novas tecnologias. Como podemos interpretar estes dados à luz da experiência portuguesa?
Geração Y: a ela pertencem as pessoas nascidos entre 1980 e 1990, que já cresceram rodeadas em tecnologia. Em Portugal estamos a falar da geração que nasceu após o 25 de Abril, em que os pais investiram na sua formação académica. Atualmente, o desemprego jovem é uma das principais causas de preocupação no país, para não falar no imenso desperdício que estamos a ver todos os dias por as empresas portuguesas não conseguirem absorver esses recursos humanos qualificados. É vê-los sair do país…
Trabalhadores remotos: quantas empresas permitem que os trabalhadores trabalhem fora das instalações das empresas, de uma forma integrada na estratégia de recursos humanos da empresa? A Forrester aponta para 30% dos trabalhadores a trabalhar em qualquer lado, a qualquer hora, à escala global. Em Portugal não são conhecidos os números do teletrabalho.
Intrapreneur: expressão utilizada pela primeira vez em 1985 por Gifford Pinchot III, segundo a Wikipédia. Refere-se à aplicação do empreendedorismo dentro de uma entidade já existente. Até que ponto as organizações têm estado dispostas a dar autonomia aos colaboradores com ideias inovadoras e disponibilizarem orçamento? Muitas vezes tentamos ser inovadores mas só se não tiver custos para a empresa, com sorte o nosso projeto avança. Serão os empresários portugueses adeptos do conceito de estimular as suas equipas a inovar e perceber que isso acresce valor à própria empresa?
Analistas de dados: na era da informação ainda se verifica uma diferença abissal entre as grandes empresas, que produzem e analisam quantidades massivas de dados, e as PME que ainda não terão despertado para a importância de transformar a informação em conhecimento. Como licenciada em Estatística e Gestão de Informação, vejo nas ferramentas de web analytics uma oportunidade de retirarmos algum proveito a informação recolhida, se bem que o seu uso fica bastante aquém das possibilidades. O trabalhador do conhecimento ainda precisa de se afirmar na cultura empresarial portuguesa.
Trabalhadores experientes mas menos à vontade com as tecnologias sentem muitas vezes algumas resistências à inovação e desenvolvem o seu trabalho conforme sabem, se bem que muitas vezes já existem formas mais eficientes de o fazer. Não sendo um fenómeno exclusivo de Portugal, tendo em conta a nossa história e a nossa cultura, muitas vezes se ouve «burro velho não aprende línguas». Para piorar a situação, têm vindo a terminar os incentivos para a formação ao longo da vida, o que não é correto. É o «vai-se andando» a funcionar, em vez de se investir nas pessoas.
Desemprego jovem, talento desperdiçado
Numa altura que se fala tanto em desemprego entre os jovens, vale a pena desmontar algumas ideias que passam constantemente para o público em geral. Os jovens nos anos 80 constituiam um grupo importante da população ativa. As gerações futuras tiveram a oportunidade de estudar, graças ao esforço das suas famílias. Temos de estar muito gratos a esses pais. Eu estou. O problema é que no tempo atual muitos desses jovens ainda não conseguiram entrar na população ativa.
A partir de 2005, a faixa etária dos 25 aos 34 anos entra em queda na população ativa. Grave, muito grave, tendo em conta a fase da vida em que se encontram. Curiosamente, para os anúncios de emprego a idade de 30 anos é muitas vezes uma barreira. O que faz este país às pessoas com experiência? Envolve as suas vidas num manto de precariedade.
Fala-se muito no empreendedorismo, mas só quem não passou por lá é que sabe que essa coisa de ter uma empresa embate de frente com a burocracia e com os prazos de pagamento ao sabor das marés.
Outra coisa que os números revelam é que, em termos percentuais, a taxa de desemprego sobe mais para quem não tem qualquer nível de escolaridade. Para os trabalhadores com o ensino superior a taxa fica quase sempre abaixo do desemprego dos outros níveis de escolaridade. Isso pode dever-se a vários fatores, mas continuo a acreditar que temos de apostar na formação ao longo da vida, mesmo que muitas pessoas estejam agora desanimadas com a conjuntura atual.
Evolução da taxa de Desemprego em Portugal por nível de escolaridade
Evolução da População Ativa em Portugal por faixa etáriaFonte: INE, Pordata
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Excelente artigo 🙂